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terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Na minha casa e na casa dos outros

Na minha casa é sempre pior que na casa dos outros. Lá, na casa dos outros, os pais parecem normais, e aqui em casa, só falta um médico pra atestar a loucura dos meus.

Na casa do outro, o pai gosta de rock; aqui, meu pai só quer saber de música sertaneja. Na casa dos outros, todo mundo assiste filme e come pipoca, aqui em casa é só novela e amendoim torrado.

Na casa de um outro, conhecido meu, as coisas sempre estão no lugar, porque a mãe não se intromete nas coisas do filho; já aqui em casa, é preciso lacrar o quarto, deixar um aviso na porta, e se é dia de faxina, adeus. E na casa dos outros, as empregadas parecem ser menos chatas e até menos opinativas, não se intrometendo na vida da família, como acontece aqui em casa.

Na casa dos outros, tudo parece que funciona. Aqui a válvula do banheiro sempre vasa; a torradeira está sempre suja e custa a avisar quando está pronta; o chuveiro é sempre quente demais, ou frio de doer a espinha; acendedor elétrico do fogão tranca, fazendo aquele barulhinho insuportável de cigarra; a geladeira nunca gela, e a gente tem de raspar o congelador, que está sempre lotado de gelo. E tenho quase a certeza de que na casa dos outros, a tv não pega só dois canais, como aqui em casa, e ainda com um bombril na ponta da antena.

Na casa dos outros, sempre tem pouca gente. Aqui em casa parece uma passarela. Se não é visita o dia inteiro, é alguém na porta pedindo informação, vendendo algum treco, ou tentando me converter em outra religião.
No domingo, as mães dos outros sempre deixam seus filhos dormirem até tarde, agora aqui...— "Levanta que eu quero arrumar a cama!".

Vai dizer que não é assim que você, jovem, pensa que é sua casa?

Tio Dino