É porque sempre foi feito assim
O problema com a publicidade brasileira não é a criatividade. Criativos são como inço. Tem sempre um fazendo alguma coisa em algum lugar. O que não é orginal é o que fazem com as possibilidades: simplesmente delimitam alternativas. Por razões tão desconhecidas quanto a fórmula do Maná Dom Araújo.
Comercial de cerveja. Se você viu um viu todos. É uma receita de bolo, com uma ou duas colheres de açúcar a mais, ou, nesse caso, de lúpulo.
A mulher saliente esperando um motivo, ou não, de levantar a blusa e um grupo de manés celebrando o acontecido. Um jingle berrado em coro. Frases de duplo sentido e viagens que só mesmo um bêbado poderia fazer. Fecha com a mensagem de consumo responsável, que não quer dizer absolutamente nada, mas que ao menos deixa o Ministério Público fora disso.
Por que os comerciais não podem ser diferentes, mesmo que vendam a mesma coisa?
Creme dental e derivados. É sempre uma câmera tremida, dando a impressão de um documentário, com o depoimento de um dentista tentando parecer especialista em algum problema bucal. Corta. Surgem elementos em computação gráfica e dali surge uma viagem dentária a bordo de uma escova com 2 mil cerdas ergonômicas com bactérias amestradas que retiram o tártaro pelo colarinho.
Mas eu sei o porquê disso tudo. É porque sempre foi feito assim.